Quando iniciamos no mundo do investimento o tempo é o fator inexorável. Todo e qualquer investimento que se pense em fazer está sujeito às condições de prazo e demais regras subjacentes. Diante desse fato, quando tomamos a resolução de formar o patrimônio de uma vida investindo, conhecer o papel do fator tempo no curso de nossas decisões é uma questão de importância capital.
Ora, já que tempo é dinheiro, quanto antes começarmos a fazer dinheiro, tanto melhor. Isso ocorre por conta do impacto do tempo no processo de capitalização. Mas o que é capitalização?
Capitalização está intimamente relacionada com outro fator, os juros. Em simples palavras, juro é o custo do dinheiro. Quando alugamos um imóvel, recebemos uma contraprestação financeira em forma de aluguel, quando emprestamos dinheiro, recebemos os juros. Ou ainda, os juros seriam a remuneração pelo custo de oportunidade envolvido, quando abrimos mão de gastar o dinheiro no presente para investi-lo.
Quando fazemos um investimento estamos, na verdade, adiando o usufruto do capital no presente e como recompensa por isso, esperamos receber uma contrapartida financeira em forma de juros. Pois bem, esse valor de que abrimos mão de gastar no presente e que, portanto, será investido é chamado de principal, capital inicial, etc. Agora temos as variáveis necessárias para entender o funcionamento do processo de capitalização: Capital, Juro e Tempo.
Capitalização é o processo pelo qual um investimento é acumulado ao longo do tempo mediante ocorrência de taxa de juros periódica.
Durante esse processo, os juros vão sendo incorporados ao capital, ampliando o valor base sobre o qual os novos juros vão sendo calculados (vamos ignorar totalmente a questão dos juros simples). Vejamos um exemplo, suponha que você faça um investimento cujo capital é 100 reais com uma taxa de juros composta de 12% ao ano. No final do primeiro ano da aplicação, você terá os 100,00 iniciais mais 12,00 de juros totalizando 112,00. No final do segundo ano terá os 112,00 mais 13,44 de juros. Nesse processo, os juros vão aumentando de ano em ano e essa é a maravilha da capitalização (e o motivo pelo qual atrasar a fatura do cartão é sempre má ideia).
Ao final do investimento, o valor correspondente à soma do capital investido com os juros obtidos mediante o processo de capitalização é chamado de montante. Para ilustrarmos o papel do tempo nesse cálculo, vejamos dois investimentos hipotéticos.
No investimento A, uma pessoa decide aplicar 500,00 por ano começando aos 25 anos até os 60 anos. No investimento B, uma pessoa decide aplicar 1000,00 por ano começando aos 40 anos até 60 anos. Suponhamos que ambos os investimentos têm taxa de retorno de 12% ao ano. Apresentamos o gráfico comparativo.
Note que o investidor B aplicou o dobro do valor anual aplicado por A e ainda assim, o montante obtido no investimento A é quase 3 vezes maior. Esse é o efeito do tempo no processo de capitalização. Quando iniciamos os investimentos mais cedo, o tempo é um forte aliado, isso por conta da natureza do processo de capitalização.
E tem mais um detalhe, quanto mais tarde começamos a investir, precisamos fazer aplicações consideravelmente maiores, bem como aumentar nossa tolerância ao risco (em um momento da vida em que buscamos mais sossego) para obtermos rendimentos finais equivalentes ao que obteríamos com aplicações mais modestas e em opções mais conservadoras, mas com bastante tempo disponível para que o processo de capitalização fizesse sua mágica.
O processo de capitalização ilustra de forma quase artística a máxima de que tempo é dinheiro
Considerando isso, entendemos como o processo de capitalização ilustra de forma quase artística a máxima de que tempo é dinheiro , nos ensinando que quanto antes começamos a investir para a construção de um patrimônio mais teremos no tempo a figura de um forte aliado, tornando a nossa vida de investidor menos difícil e até mais divertida, afinal quem não se diverte ao ver o efeito positivo que o tempo pode desempenhar na construção do patrimônio de uma vida?